"Prende ele! Prende ele! Não deixe ele voltar pra casa não!”. Essas foram as palavras ditas por duas crianças de 11 e 12 anos, quando a polícia as libertaram dos constantes abusos sexuais, praticados pelo próprio irmão, um adolescente de 16 anos.
Mais velho de uma família de cinco irmãos, com idades entre 10 e 15 anos, o menor permanece detido na delegacia de Cruz das Almas. Ao conhecimento do pai, os abusos ocorriam dentro da casa onde residem. Após apreensão do acusado, foi descoberto que uma prima dele, de 11 anos, também havia sido violentada.
Há mais de dois anos abusando das crianças, o fato só foi descoberto pela imprensa na tarde de anteontem, quando as vítimas compareceram ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Santo Antônio de Jesus, para fazer exames médicos.
A pequena residência de dois quartos era dividida entre o adolescente, os cinco irmãos, sendo quatro meninas e um menino, o pai e a mãe, que sofre com problemas mentais. Os abusos ocorriam em plena luz do dia. Segundo a polícia, o pai não concordava, porém não tinha autoridade com o filho e os atos libidinosos eram consumados.
De acordo com a delegada da cidade, Ivia Vidal, a polícia tomou conhecimento do caso, na última sexta-feira, quando as crianças preparavam-se para fugir de casa. “Elas colocaram mochilas nas costas e saíram em fuga. Uma vizinha percebeu a movimentação e acionou a polícia. O quadro dessas crianças era lamentável, pareciam prisioneiros loucas por liberdade. Assustadas, elas gritavam para que nós o prendêssemos”, contou a delegada.
Já na delegacia, com naturalidade, o adolescente confessou o crime, afirmando que seguia apenas impulso e desejo. Segundo relatos das crianças, ele gritava, batia e ameaçava comprar um revólver e matar todos, caso fosse denunciado.
“Apesar da pouca idade, ele é alto e forte, o que despertava medo nos menores. Acredito que as maiores ele não violentava, justamente pelo fato de elas já saberem se defender”, arriscou a delegada. Como forma de evitar as investidas do irmão, as meninas contaram que sempre ficavam juntas e evitavam certos tipos de roupas. “Do nada ele pegava uma de nós pelo braço e levava pro quatro”, contou uma das vítimas.
Em depoimento, o pai do acusado contou que acionou o Conselho Tutelar, mas como nada era feito, ele não tinha como impedir o ocorrido. A delegada afirmou que o pai será indiciado criminalmente pela omissão e corre risco de perder guarda dos filhos. Enquanto isso, as meninas permanecem em casa e recebem acompanhamento psicológico. Acusado será transferido para o Centro de Atendimento Sócio Educativo (Case).
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